quarta-feira, 9 de julho de 2014

Neuroquímica e suas dependências.





A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.
-- Mahatma Gandhi

Maneira de se comportar ou de se conduzir; conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente. (A psicologia experimental distingue os comportamentos nos quais a resposta do sujeito decorre de um estímulo, daqueles em que não se distingue um estímulo específico.)
Psicologia do comportamento, estudo sistemático das reações individuais aos estímulos.
A Medicina Comportamental é um campo interdisciplinar da medicina e das ciências do comportamento voltado para o desenvolvimento e a integração de conhecimentos das ciências naturais e sociais relevantes para a compreensão e controle do processo de saúde e doença.
Vivemos numa época em que os transtornos comportamentais mantém em alta a dependência de medicamentos. Embora sejam muito importantes, e imprescindíveis em alguns casos, o foco da biomedicina é a intervenção sobre o comportamento por via bioquímica. Boa parte dos mediadores químicos e hormonais são liberados após situações estressoras-depressoras, tendo a aprendizagem um papel preponderante no estabelecimento prévio dessas respostas disfuncionais.
No entanto, as interações ambiente e organismo que antecedem e estimulam a produção dessas respostas comportamentais não são objetos dessas pesquisas. A princípio, as respostas de ansiedade e de depressão (respostas de fuga esquiva) são comportamentos naturais do organismo que evoluíram para ser emitidas por organismos saudáveis.
Sentir medo e ansiedade frente a ameaças, ou desmotivação frente a situações punitivas e incertas, são respostas naturais e esperadas. Usar medicamentos para bloquear essas respostas secundárias, sem analisar “como”,  “quando” e “porque” esses comportamentos foram adquiridos e quais as suas funções, são ações meramente paliativas.
Infelizmente a “cura pelo remédio” é um fator cultural que, muitas vezes, acaba fortalecendo a ideia de que os problemas psicológicos tem origem na neuroquímica. Fato este que encobre a importância da história das aprendizagens e da cultura na manutenção desses padrões comportamentais.
A compreensão da aprendizagem e do controle do comportamento pelo ambiente psicosocial é o objeto de estudo medicina comportamental. As suas intervenções visam promover autoconhecimento e a mudanças nas respostas disfuncionais aprendidas e afim de ampliar o repertório comportamental e diminuir a dependência de medicamentos.
Diferente das demais psicologias com base teórica-filosófica, a Medicina Comportamental teve origem em pesquisas experimentais, feitas com animais e humano, até se constituir como uma disciplina científica e uma abordagem clínica. Todos os seus métodos se baseiam em hipóteses experimentalmente testáveis, o que a torna a única, dentre as abordagens psicológicas, podendo ser adaptada para a modificação do comportamento em qualquer espécie de organismo dotado de sistema nervoso central.

Leon Vasconcelos Lopes, psicoterapeuta.